sexta-feira, 6 de junho de 2008

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O filme Matrix é de uma inteligência única na história do cinema: Conseguiu trazer para o inconsciente coletivo dos ocidentais o que dois mil anos de doutrina orientais não conseguiram.
Claro que toda a mensagem está cifrada, e misturada com efeitos especiais e ação. Mas está lá...
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Uma cena emblemática do filme é a do garoto budista que segura uma colher, e ela começa a entortar. Neo olha curioso, e o garoto lhe diz: "Não é a colher que entorta, e sim você. Não há colher".
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Bem, a colher foi só um exemplo pra causar o efeito "uau" que causou. O verdadeiro sentido destas palavras é que, se você segue o caminho do meio (ações corretas, pensamento correto, enfim, é uma pessoa correta) o mundo pode desabar ao seu redor e você não será afetado. Pode até morrer, mas o seu "eu" não será afetado.
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Vamos substituir, no diálogo original,a palavra "colher" por "mundo" e "entortar" por "mudar":
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Garoto: Não tente mudar o mundo. Isto é impossível. Ao invés disto tente perceber a verdade.
Neo: Que verdade?
Garoto: Não há mundo.
Neo: Não há mundo?
Garoto: Então você verá que não é o mundo que muda, e sim você mesmo.
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Esse conceito não é novo. Há 1.300 anos, no Templo Fa Shin, dois monges discutiam:
- A bandeira está se movendo!
- Não, é o vento que está se movendo!
Como eles não conseguiam chegar a um acordo,
Hui-Neng apareceu e disse aos dois:
- É a mente de vocês que está se movendo!

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O mundo não nos faz. Nós é que o fazemos.
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