quarta-feira, 15 de abril de 2009

 No relógio daquelas madrugadas,
quando eu era menina e estava insone,
a velhinha do Tempo tricotava
longas tiras de medo: minha morte
ia sendo preparada nessa trama.
Sedas, farrapos, teias tão soturnas,
todo o terror que eu esquecia
quando me libertavam sol e cores.
*Alguma coisa ficou daquelas noites:
o metal dos ponteiros, as agulhas,
as mãos ossudas das bruxas noturnas,
tudo continua na urdidura
do fio singular da minha sorte.
*
(Lya Luft, mulher no palco)

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