terça-feira, 17 de março de 2009

Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando (...)
não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo (...)
os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não construirão ao sol coisa nenhuma
- nada está escrito afinal
*
(“Voz numa pedra” - Mário Cesarini)

Um comentário:

  1. "Minha alma tem o peso da luz.
    Tem o peso da música.
    Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita.
    Tem o peso de uma lembrança.
    Tem o peso de uma saudade.
    Tem o peso de um olhar.
    Pesa como pesa uma ausência.
    E a lágrima que não se chorou.
    Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."


    Clarice Lispector

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