quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A impressão que Tania oferecia era a de uma mulher permanentemente em vias de se escapar. Fugir parecia ser a sua única constante. Várias pessoas confundiam esse ar com traição, eu incluído. Mas não era assim. A Tania possuía um íntimo sentido de lealdade. (...) A reconciliação com a Tania foi dura, encarniçada. Apesar de durante os quatro meses que nos mantivemos separados nos termos amado mais que nunca não deixávamos de nos humilhar e de vexar. (...) Ela preferiu deixar-me a perder-me. Naquele momento pareceu-me sem sentido. Agora compreendo que não é assim. (...) Se casasse com ela de que falaríamos sessenta anos depois? De que nos lembraríamos? Dormiria nua ao meu lado, sem pudor? Faríamos amor beijando-nos com as nossas bocas desdentadas? Quem morreria primeiro?*
(O Búfalo da Noite, Guillermo Arriaga)

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