quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sobre a Loucura

Nós não podemos falar nada sobre nós e a nossa época, sem começarmos por definir a loucura.
Como é que se explica que nós sejamos seres dotados de razão, enquanto a nossa sociedade é tão ligada à loucura?
Como as pessoas que tem toda a sua razão podem agir como se estivessem loucas e acreditar nas idéias loucas que a sociedade lhe impõe?
Nós podemos encontrar uma resposta com aqueles que perderam a razão.
O que é que os deixou loucos?
As pessoas ficam assim quando não chegam a criar uma relação funcional e prática com a sociedade e com a realidade.
O que eles fazem?
Eles criam uma sociedade que é uma realidade para eles.
Eles ficam loucos para não perder a sua razão.
A sua loucura é a explicação que eles dão para a loucura que eles encontram no mundo.

(Edward Bond)

10 comentários:

  1. Hegel afirmou

    "A loucura é um simples desarranjo, uma simples contradição no interior da razão, que continua presente". A loucura deixou de ser o oposto à razão ou sua ausência, tornando possível pensá-la como "dentro do sujeito", a loucura de cada um, possuidora de uma lógica própria. Hegel tornou possível pensar a loucura como pertinente e necessária à dimensão humana, e afirmou que só seria humano quem tivesse a virtualidade da loucura, pois a razão humana só se realizaria através dela.
    A loucura ou insânia é segundo a psicologia uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados "anormais" pela sociedade. É resultado de doença mental, quando não é classificada como a própria doença. A verdadeira constatação da insanidade mental de um indivíduo só pode ser feita por especialistas em psicopatologia.
    Algumas visões sobre loucura defendem que o sujeito não está doente da mente, mas pode simplesmente ser uma maneira diferente de ser julgado pela sociedade. Na visão da lei civil, a insanidade revoga obrigações legais e até atos cometidos contra a sociedade civil com diagnóstico prévio de psicólogos, julgados então como insanidade mental.
    BEIJOS...
    AMO VC AMIGA QUERIDA!

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  2. "Os homens são tão necessariamente loucos que não ser louco seria uma outra forma de loucura.

    Necessariamente porque o dualismo existencial torna sua situação impossível, um dilema torturante.

    Louco porque tudo o que o homem faz em seu mundo simbólico é procurar negar e superar sua sorte grotesca.

    Literalmente entrega-se a um esquecimento cego através de jogos sociais, truques psicológicos, preocupações pessoais tão distantes da realidade de sua condição que são formas de loucura - loucura assumida, loucura compartilhada, loucura disfarçada e dignificada, mas de qualquer maneira, loucura."
    (Ernest Becker - A negação da morte)

    Beijos com muito amor

    Armando

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  3. Carlinha amada!!!!!!!!!!!!

    ADOOOOOOOOOOOOOOOOOORO porque além de INTELIGENTE, QUERIDA, AMIGA e que CONTRIBUI com seu blog PARA COM ESTA SOCIEDADE medíocre que só vive em função da mídia e do senso comum, VOCÊ PENSA!!!!!!!!!

    É sensacional quando coloco um texto que para mim é importante, pois trata de coisas das quais convivemos no dia-a-dia "sem perceber" e vem um ser que só podia ser você com esta observação de HEGEL... (Não podia ser melhor)

    (...) "Hegel tornou possível pensar a loucura como pertinente e necessária à dimensão humana, e afirmou que só seria humano quem tivesse a virtualidade da loucura, pois a razão humana só se realizaria através dela."
    Porque para Hegel a verdade era basicamente SUBJETIVA e contestava uma verdade acima ou além da razão. Ele dizia que as bases do conhecimento humano mudavam de geração para geração e por isso não existiam "verdades eternas". E o mais bacana que eu penso sobre Hegel é que ele não quis moldar a história a um esquema preestabelecido. Ele acreditava poder provir da própria história este modelo dialético. Mas não aplica a dialética apenas a história, mas também aos nossos pensamentos individuais... Através da argumentação engenhosa, dialogada, pensada... E como a realidade está impregnada de opostos e contradições, uma descrição da realidade tem necessariamente de ser cheia de opostos e de contradições. E pensar dialeticamente, aliás, pensar é tudo que a nossa sociedade não quer... Portanto todos que fogem a regra são loucas... E como disse Edward Bond (...) Como as pessoas que tem toda a sua razão podem agir como se estivessem loucas e acreditar nas idéias loucas que a sociedade lhe impõe?

    SOMOS LOUCAS GRAÇAS A DEUS!!!!!!!!

    AMO VOCÊ TAMBÉM MINHA AMIGA QUERIDA...

    BEIJOS MIL,

    DANI

    PS: Nesta minha argumentação tive o auxílio do maravilhoso livro "O Mundo de Sofia" de Jostein Gaarder.

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  4. Armando,

    Fica aqui a mesma pergunta que deixei quando escrevi para a Carla Fabiane, pergunta da qual eu não fiz, mas ele, Edward Bond fez por mim:

    (...) Como as pessoas que tem toda a sua razão podem agir como se estivessem loucas e acreditar nas idéias loucas que a sociedade lhe impõe?

    Beijos mil,

    Com muiiiiiiiiiiito amor...

    Dani

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  5. Dani Querida.

    Eu penso que as pessoas agem desta forma por total ausência de bom senso, pois acreditar numa idéia já estabelecida de acordo com a conveniência da sociedade que impõe desta forma pra se proteger.

    Porque quando a sociedade manifesta um idéia sobre imposição é pra defender e também se proteger e manter seu controle, injusto e desumano na maioria das vezes.

    E como a gente pode ver sempre vai existir pessoas que acreditam como se fosse a maior verdade de todas, e a sociedade se manifesta a sobrevive assim.

    Beijos Mil.

    Amo vc viuuuuu.
    Armando

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  6. Armando meu...

    Pensei e sinceramente discordo de você, não em tudo que escreveu, mas em específico quando escreveu: “as pessoas que agem desta forma por total AUSÊNCIA DE BOM SENSO...”
    Einstein disse que nascemos originais e morremos cópias... Porque quando nascemos já somos inseridos numa determinada cultura que aos poucos, vai, nos moldando e blá blá blá...
    Como eu sei que seus pensamentos vão muito além daquilo que ás vezes me escreve, decidi transcrever alguns trechos do livro de Jung “Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo”.

    Segundo Jung,
    (...) Idéias religiosas são, como prova a história, de uma força sugestiva e emocional extremas. Incluo nessa categoria obviamente todas as représentations collectives: aquilo que ensina a história das religiões, bem como tudo o que rima com “ismo”. Este último é apenas uma variante moderna das confissões religiosas históricas. Alguém pode, de boa-fé, convencer-se de que não tem idéias religiosas. Mas ninguém pode colocar-se à margem da humanidade, de forma a não ter nenhuma représentation collective dominante. O seu materialismo, ateísmo, comunismo, socialismo, liberalismo, intelectualismo, existencialismo, etc. testemunham contra sua inocência. De alguma forma, em alguma parte, aberta ou dissimuladamente, ele é possuído por uma idéia supra-ordenada.
    (...)Na medida em que temos algum conhecimento acerca do homem, sabemos que ele está sob a influência de idéias dominantes. Quem alegar que é isento de uma tal influência é suspeito de haver substituído uma forma conhecida de crença religiosa por uma variante desconhecida tanto para ele como para os outros. Em lugar do teísmo ele se devota ao ateísmo, em lugar de Dionísio ele prefere o Mitra mais moderno, e em lugar do céu, procura o paraíso na terra.
    Um ser humano sem uma représentation collective dominante seria um fenômeno totalmente anormal. Mas um tal fenômeno só ocorre na fantasia de indivíduos isolados que se iludem acerca de si mesmos. (...) As represéntations collectives têm força dominante e portanto não é de surpreender que sejam reprimidas por uma intensa resistência. Em seu estado de repressão elas não se ocultam através de qualquer insignificância, mas de idéias e figuras que são problemáticas por outros motivos e que intensificam e complicam sua natureza dúbia. (...) é um grande equívoco supor que a alma do recém-nascido seja tabula rasa, como se não houvesse nada dentro dela. Na medida em que a criança vem ao mundo com o cérebro diferenciado, predeterminado pela hereditariedade e portanto individualizado, ela responde aos estímulos sensoriais externos, não com quaisquer predisposições, mas sim com predisposições específicas, que condicionam uma seletividade e organização da apercepção que lhe são próprias (individuais).
    Tais predisposições são comprovadamente instintos herdados e pré-formações. Estas últimas são as condições apriorísticas e formais da apercepção, baseadas nos instintos. Sua presença imprime no mundo da criança e do sonhador o timbre antropomórfico. Trata-se dos arquétipos que determinam os rumos da atividade da fantasia, produzindo desse modo nas imagens fantásticas dos sonhos infantis, bem como nos delírios esquizofrênicos, surpreendentes paralelos mitológicos, como os que também encontramos de forma algo atenuada nas pessoas normais e neuróticas. Não se trata, portanto de idéias herdadas, mas de suas possibilidades. Não se trata também de heranças individuais, mas gerais, como se pode verificar pela ocorrência universal dos arquétipos.

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  7. Continuação...

    (...) Verdadeiramente, aquele que olha o espelho da água vê em primeiro lugar sua própria imagem. Quem caminha em direção a sim mesmo corre o risco do encontro consigo mesmo. O espelho não lisonjeia, mostrando fielmente o que quer que nele se olhe; ou seja, aquela face que nunca mostra-se ao mundo, porque a encobrimos com a persona, a máscara do ator. <as o espelho está por detrás da máscara e mostra a face verdadeira.
    Esta é a primeira prova de coragem no caminho interior, uma prova que basta para afugentar a maioria, pois o encontro consigo mesmo pertence às coisas desagradáveis que evitamos, enquanto pudermos projetar o negativo à nossa volta. Se formos capazes de ver nossa própria sombra, e suportá-la, sabendo que existe, só teríamos resolvido uma pequena parte do problema. Teríamos, pelo menos, trazido à tona o inconsciente pessoal. A sombra, porém, é uma parte viva da personalidade e por isso quer comparecer de alguma forma. Não é possível anulá-la argumentando, ou torná-la inofensiva através da racionalização. Este problema é extremamente difícil, pois não desafia apenas o homem total, mas também o adverte acerca do desamparo e impotência. Às naturezas fortes – ou deveríamos chamá-las fracas? – tal alusão não é agradável. Preferem inventar o mundo heróico, além do bem e do mal, e cortam o nó górdio em vez de desatá-lo. No entanto, mais cedo ou mais tarde, as contas terão que ser acertadas. Temos porém que reconhecer: há problemas simplesmente insolúveis por nossos próprios meios. Admiti-lo tem a vantagem de tornar-nos verdadeiramente honestos e autênticos. Assim se coloca a base para uma reação compensatória do inconsciente coletivo; em outras palavras, tendemos a dar ouvidos a uma idéia auxiliadora, ou perceber pensamentos cuja manifestação não permitíamos antes. Talvez prestemos atenção a sonhos que ocorrem em tais momentos, ou pensemos acerca de acontecimentos ocorridos no mesmo período. Se tivermos tal atitude, forças auxiliadoras adormecidas na nossa natureza mais profunda poderão despertar e vir em nosso auxílio, pois o desamparo e a fraqueza são vivência eterna e eterna questão da humanidade.

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  8. Cont.

    PS: Não podemos negar certas coisas que pra muita gente não faz nenhum sentido... Tudo que existe já existiu e continuará existindo até que um dia, talvez, que sabe PUM... Desapareça, sei lá!!!!

    Amo você e esqueça tudo que leu... São apenas palavras... Outras virão... O importante para mim, no momento, é seguir “Atrás do Pensamento...” refletir e não chegar a nenhuma verdade, porque a única verdade, talvez, esteja... Leia meu próximo “post”... HAHAHAHAHAHA...

    Amo Você!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Beijos com muiiiiiiiiiiiiiito amor,
    Dani

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  9. A Loucura comprova suas teses por meio de sólidos argumentos, não permite a menor contestação. Diz-se responsável pela propagação do gênero humano, que são gerados não “com a cabeça, com o rosto, com o peito, com as mãos, com as orelhas, todas partes consideradas honestas” , mas sim com outra parte, “tão louca, tão ridícula que sequer se pode mencioná-la sem provocar o riso” . E se as mulheres procuram um homem para pôr um filho no mundo e criá-lo, isso se deve à Irreflexão, e àquelas que já passaram por isto e ainda insistem em mais uma vez, como não evocar a deusa Lethes (o esquecimento)?

    Como observador arguto, Erasmo não poupa nem a sim mesmo. Através da voz da Loucura, faz a autocrítica:

    Não observais, por acaso, as pessoas melancólicas, mergulhadas na filosofia e nas dificuldades de suas ocupações, quase todas envelhecidas antes de gozar plenamente sua juventude, porquanto as preocupações, a tensão contínua do pensamento nelas secaram o sopro e a seiva da vida? Meus loucos, pelo contrário, gordos e luzidios, pele brilhante, verdadeiros porcos da Acarnânia , como se diz, não haveriam de sentir nenhum inconveniente da idade, se conseguissem evitar inteiramente qualquer contato com os sábios. Por vezes, no entanto, não conseguem porque os homens não são perfeitos, porque esquecem o provérbio popular que, nesse caso, mostra toda a sua importância: “Só a loucura prolonga a juventude e retarda a malfada velhice”.

    A Philautia (o amor-próprio) tem como irmã a Adulação, que em muito contribui para o domínio da deusa Loucura em nosso mundo. Conhecemos o provérbio, “quem diz o que quer, ouve o que não quer”, e é nele que pensamos ao reler este trecho da obra de Erasmo, quando a Loucura evoca a Adulação justamente para pregar o contrário, para evitar a sinceridade, com que os homens possam conviver melhor, enganados por si mesmos e pelos outros, conquistando seu espaço por meio das palavras de agrado sem fundo verídico, por meio de falsos elogios.

    BJS E TD DE MELHOR SEMPRE!!!
    ARC EMERSON ALMEIDA

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  10. Dani minha doce e querida!

    Só vc mesma pra compreender meus Delírios as vezes até Cartesianos e quando busco o elemento central da conduta ética e a capacidade virtuosa de achar o meio termo e distinguir a ação correta das coisas.

    E de como eu também luto nos meus movimentos e nas minhas tempestades internas, num combate que já me deixou marcas.

    Amo-te porque pensa e te admiro porque luta sempre o bom combate com sensibilidade, sabedoria e força

    Beijooosss com muito amor e carinho

    Armando

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