terça-feira, 27 de julho de 2010

AmOr... SeMpRe o AmOr...

Lei ladra o poder da vida.

Direitinho declaro o que, durante todo tempo,
sempre mais, às vezes menos, comigo se passou.
Aquela mandante amizade.
Eu não pensava em adição nenhuma, de pior propósito.
Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava.
Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa feita.
Era ele estar perto de mim, e nada me faltava.
Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego.
Era ele estar por longe, e eu só nele pensava.
E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não.
E eu mesmo entender não queria. Acho que.
Aquela meiguice, desigual que ele sabia esconder o mais de sempre.
E em mim a vontade de chegar todo próximo, quase uma ânsia
de sentir o cheiro do corpo dele, dos braços,
que às vezes adivinhei insensatamente - tentação dessa eu espairecia,
aí rijo comigo renegava. Muitos momentos.
Conforme, por exemplo, quando me lembrava daquelas mãos,
do jeito como encostavam no meu rosto.

Guimarães Rosa in "Grande Sertão: Veredas"

2 comentários:

  1. Admito que não sou muito fã de literatura brasileira. Talvez apenas seja um mau costume meu. Talvez eu só precise tentar ler algumas coisas, afinal, não duvido que haja muita coisa interessante.
    Sou um FÃ de livros, amo ler e não passo um dia sem ter algum livro para devorar mais algumas páginas.
    Prometo que um dia tentarei fazê-lo com clássicos brasileiros.
    E... BELO poema.

    ResponderExcluir
  2. O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
    Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.
    (Fernando Sabino)

    PS: e vc é muito querida e especial pra mim viu.

    Beijos com carinho, afeto e admiração

    Armando

    ResponderExcluir