quarta-feira, 17 de agosto de 2011

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Eu sempre digo que eu posso ter uma solidão medonha, mas sempre vai haver um vasinho de flores num canto.



(Caio F. Abreu)

2 comentários:

  1. Sobre todas as coisas
    Que falam que são do mal
    Não têm sequer um pouco de amor
    Se tenho que chegar a algum lugar
    E não morrer sem ter o que fazer
    Acho que me perdi...
    Algumas coisas não parecem no lugar
    Está sempre escuro quando eu acordo
    E quando eu durmo, já nasceu o sol
    E o mundo inteiro já se foi
    Não sabem se vão voltar (eles não sabem)...
    Sobre todas as pessoas
    Que se acham especiais
    Não têm sequer um pouco de ardor
    Se tenho que parar pra enxergar
    E não morrer sem ter o que dizer
    Aonde foi que deixamos a nossa coragem?
    Aonde foi?
    Muito além do que possa parecer
    Aonde foi?
    "Algumas Coisas - Legião Urbana".




    PS: Trago-lhe uma flor com carinho.

    Beijos

    Armando

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  2. Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
    Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
    quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
    eu sinto saudades...

    Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
    de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

    Sinto saudades da minha infância,
    do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
    do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

    Sinto saudades do presente,
    que não aproveitei de todo,
    lembrando do passado
    e apostando no futuro...

    Sinto saudades do futuro,
    que se idealizado,
    provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

    Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
    De quem disse que viria
    e nem apareceu;
    de quem apareceu correndo,
    sem me conhecer direito,
    de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

    Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

    Daqueles que não tiveram
    como me dizer adeus;
    de gente que passou na calçada contrária da minha vida
    e que só enxerguei de vislumbre!

    Sinto saudades de coisas que tive
    e de outras que não tive
    mas quis muito ter!

    Sinto saudades de coisas
    que nem sei se existiram.

    Sinto saudades de coisas sérias,
    de coisas hilariantes,
    de casos, de experiências...

    Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
    e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

    Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

    Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

    Sinto saudades das coisas que vivi
    e das que deixei passar,
    sem curtir na totalidade.

    Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
    não sei onde...
    para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

    Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
    Em japonês, em russo,
    em italiano, em inglês...
    mas que minha saudade,
    por eu ter nascido no Brasil,
    só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

    Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
    espontaneamente quando
    estamos desesperados...
    para contar dinheiro... fazer amor...
    declarar sentimentos fortes...
    seja lá em que lugar do mundo estejamos.

    Eu acredito que um simples
    "I miss you"
    ou seja lá
    como possamos traduzir saudade em outra língua,
    nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

    Talvez não exprima corretamente
    a imensa falta
    que sentimos de coisas
    ou pessoas queridas.

    E é por isso que eu tenho mais saudades...
    Porque encontrei uma palavra
    para usar todas as vezes
    em que sinto este aperto no peito,
    meio nostálgico, meio gostoso,
    mas que funciona melhor
    do que um sinal vital
    quando se quer falar de vida
    e de sentimentos.

    Ela é a prova inequívoca
    de que somos sensíveis!
    De que amamos muito
    o que tivemos
    e lamentamos as coisas boas
    que perdemos ao longo da nossa existência...

    "Clarice Lispector"

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