– Oh! Essa gente razoável! – exclamei eu, sorrindo. – Paixão! Embriaguez! Loucura! E vocês se conservam tão calmos, tão indiferentes, vocês, os homens da moral! Esmurram o bêbado, repelem o louco, cheios de asco, e passam adiante, como sacrificador, agradecendo a Deus, como fariseus, por não ter feito vocês iguais a um desses desgraçados!... Tenho-me embriagado mais de uma vez, as minhas paixões roçaram sempre pela loucura, e disso não me arrependo, porque só assim cheguei a compreender, numa certa medida, a razão por que, em todos os homens extraordinários que realizaram grandes coisas, as coisas que pareciam impossíveis... Mas, ainda na vida ordinária, nada mais intolerável do que a todo o momento ouvir gritar, sempre que um homem pratica uma ação intrépida, nobre e imprevista: “Esse homem está bêbado! É um louco!...” Que vergonha, ó homens sensatos!
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(O Jovem Werther de Goethe)
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