“O preço do feijão
não cabe no poema. O preço do
arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão*O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.*Como não cabe no poema
o operário que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras*– porque o poema, senhores,
está fechado:
‘não há vagas’
*
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preçoO poema, senhores,
não fede
nem cheira”*
não cabe no poema. O preço do
arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão*O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.*Como não cabe no poema
o operário que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras*– porque o poema, senhores,
está fechado:
‘não há vagas’
*
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preçoO poema, senhores,
não fede
nem cheira”*
(Ferreira Gullar)
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