sábado, 6 de junho de 2009

 (...) O que é importante, a gente não vê...
É como a flor. Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é dece, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas são floridas.
É como a água. Aquela que me deste para beber parecia música, por causa da roldana e da corda... Lembras-te como era boa?

Tu olharás, de noite, as estrelas. Onde eu moro é muito pequeno, pra que eu possa te mostrar onde se encontra a minha casa. É melhor assim. Minha estrela será então qualquer das estrelas. Gostarás de olhar todas elas... Serão, todas, tuas amigas. E depois, eu vou fazer-te um presente...

As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, era ouro. Mas todas as estrelas se calam. Tu, porém, terás estrelas como ninguém.

Quando olhares o céu de noite, porque habitarei uma delas, porque numa delas estarei rindo, então será como se todas as estrelas rissem! E tu terá estrelas que sabem rir!

E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto... E teus amigos ficarão espantados de ver-te rir olhando o céu. Tu explicarás então: “Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!” E eles te julgarão maluco. Será uma peça que te prego...

Será como se eu te houvesse dado, em vez de estrelas, montões de guizos que riem...
*
O Pequeno Príncipe
(Antoine de Saint-Exupéry)

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