quarta-feira, 7 de outubro de 2009

POEMA DA DESPEDIDA

Não saberei nunca
dizer adeus
*
Afinal,
só os mortos sabem morrer
*

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
*

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
*

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
*

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
*

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo.
*
(Mia Couto)

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