Tenho ódio à luz e raiva à claridade
Do sol, alegre, quente, na subida,
Parece que a minh'alma é perseguida
Por um carrasco cheio de maldade!
*
Ó minha vã, inútil mocidade
Trazes-me embriagada, entontecida!...
Duns beijos que me deste, noutra vida,
Trago em meus lábios roxos a saudade!...*
Eu não gosto do sol, eu tenho medo
Que me leiam nos olhos o segredo
De não amar ninguém, de ser assim!
*
Gosto da Noite imensa, triste, preta,
Como essa estranha e doida borboleta
Que eu sinta sempre a voltejar em mim!...
(Florbela Espanca)
Ó maldita Portuguesa
ResponderExcluirque ousas publicar teu
tão meu
medo
Olhos
os meus são só meus
Os lábios não
A minha noite é preta
E me divertem as gotas
Que escorrem e inumdam esta cidade
Adormecida
A madrugada absorve meus lábios
Diálogos com Florbela