sábado, 28 de novembro de 2009

A minha tragédia

Tenho ódio à luz e raiva à claridade
Do sol, alegre, quente, na subida,
Parece que a minh'alma é perseguida
Por um carrasco cheio de maldade!
*
Ó minha vã, inútil mocidade
Trazes-me embriagada, entontecida!...
Duns beijos que me deste, noutra vida,
Trago em meus lábios roxos a saudade!...
*
Eu não gosto do sol, eu tenho medo
Que me leiam nos olhos o segredo
De não amar ninguém, de ser assim!
*
Gosto da Noite imensa, triste, preta,
Como essa estranha e doida borboleta
Que eu sinta sempre a voltejar em mim!...
(Florbela Espanca)

Um comentário:

  1. Ó maldita Portuguesa
    que ousas publicar teu
    tão meu
    medo

    Olhos
    os meus são só meus

    Os lábios não

    A minha noite é preta
    E me divertem as gotas
    Que escorrem e inumdam esta cidade
    Adormecida

    A madrugada absorve meus lábios

    Diálogos com Florbela

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