Os dias 13 e 20 de dezembro de 2009 ficarão na memória dos professores como datas de flagrante desrespeito pedagógico e humilhação aos educadores, que ao longo de suas histórias dedicaram-se e serviram ao governo do Estado, cuja recompensa tem sido o desrespeito, a humilhação e a ofensa a dignidade humana.
Milhares de professores foram submetidos à prova eliminatória, cujo objetivo central não é a promoção para o emprego e sim para o desemprego ou subemprego.
O governo no melhor estilo de “dividir para governar”, dividiu os educadores em categorias (f, L, O...), quebrando a espinha dorsal do movimento sindical, nos velhos tempos liderados pela APEOESP, que agora se limita a fazer bravata, dizendo que o ano letivo não vai começar, lavando as mãos como Pilatos em relação ao desemprego e o subemprego dos OFAs (categoria F) e as demais categorias que o governo introduziu. Normalmente se faz uma prova para o ingresso no serviço público ou admissão na iniciativa privada. No Estado de São Paulo foi diferente: ao não atingir a pontuação exigida, o resultado da prova servirá e será usado para a promoção do desemprego ou subemprego, embora a diretoria da APEOESP chame isso de estabilidade. Na pratica, o professor da categoria F que não obtiver a nota exigida, ganhara por atividades auxiliares nas unidades escolares o correspondente a 12 aulas (Estabilidade da fome), os demais que são eventuais ou lecionam mais recentemente, fizeram a prova e caso não acertem o exigido por lei ficarão impedidos de lecionar em 2010.
No início do ano 2010, será a vez dos efetivos que serão submetidos a esse ritual de tortura, coisa que nenhuma outra categoria é submetida anualmente com esse tipo de avaliação, como critério de evolução.
O governo acabou assim com a carreira do magistério, congelou o salário de mais de 90% categoria e a diretoria do Sindicato se limita a fazer bravata dizendo que o ano letivo não vai iniciar. Lamentavelmente a oposição alternativa – MTS/PSTU - embora faça a crítica ao governo, também referenda essa política, ao passo que no dia da prova (20/12/2009) distribuíram panfletos com os seguintes dizeres: “ Em 2010 nada será como antes: Vamos dar o troco!... Vamos à luta já no início do ano letivo!”, ou seja, os participantes da prova foram preteridos até mesmo por setores da oposição alternativa que a exemplo da diretoria central lavaram as mãos, transferindo a “luta” para o ano que vem, legitimando assim a política dos tucanos no poder.
Dia 13 e 14 acompanhamos vários relatos de sofrimento, humilhação e choro de colegas que estão desamparados, pois o governo humilha de um lado e o sindicato se desobriga dessa demanda, jogando ou transferindo para o ano que vem eventuais lutas, que em minha opinião não passa de justificativas e legitimação do atual estado de penúria que a categoria vem passando, num pacto explícito de políticas combinatórias em nível nacional e estadual.
É preciso reação dos educadores para que possamos nos reunir ainda esse ano e exigir do governo que nenhum professor seja prejudicado com essas provas, de caráter subjetivo e de fins duvidosos. Hoje no dia 20, vários professores não tiveram tempo suficiente para concluir efetivamente a referida prova, tendo que entregar apressadamente. Nos corredores nos deparamos com professoras chorando e desabafando sobre o sóbrio fim de ano que está longe de ser um feliz ano novo.
Aberração maior se deu no fato de que os professores que realizaram suas provas sequer puderam trazer o caderno de prova/resposta, para eventual contestação e quiçá posteriormente ser objeto de recurso. Ratificando assim os tempos de repressão onde inexistia o direito ao contraditório e à ampla defesa.
A única saída é nossa organização e união em torno dos que estão sendo vítimas desse complô do governo com o “consentimento” da diretoria do sindicato, para que possamos passar esse sindicato a limpo, lutando e conquistando nossos direitos, bem como derrotando esse governo que é o responsável pelo fracasso da educação no Brasil, embora insista em transferir para os professores a sua incompetência ao longo de suas administrações.
Este é mais um episódio que retrata a angústia, o sofrimento e o desespero que cotidianamente o professores (as) são submetidos no ambiente escolar. Até quando?
Lutar é preciso!!!
Aldo Santos.
Sindicalista, presidente da Associação dos Professores de filosofia do Estado de São Paulo, coordenador da Corrente política TLS, e membro da Executiva Estadual e membro do Diretório Nacional do Psol (20/12/2009)
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